Por que tratores iguais têm rendimentos diferentes?
Imagine a cena: dois tratores do mesmo modelo, trabalhando com conjuntos de pneus e implementos semelhantes e sob condições praticamente idênticas de solo. Ainda assim, um deles apresenta rendimento superior ou consome menos combustível que o outro. Por que isso acontece? Neste artigo, você vai entender os principais motivos que explicam a diferença de desempenho entre tratores aparentemente iguais.
Diferenças que começam na fábrica
A variação no rendimento dos tratores pode ter origem na própria fabricação dos componentes dos conjuntos de motor e transmissão. Esses conjuntos passam por processos industriais padronizados, com tolerâncias dimensionais rigorosas, que possuem valores mínimos e máximos aceitáveis.
Durante a montagem, pequenas diferenças nas peças individuais se acumulam. Além disso, existe também uma leve variabilidade nos torques de aperto aplicados no processo. O resultado são motores e transmissões com variações sutis no atrito entre partes móveis, o que pode gerar diferenças mínimas de desempenho — todas ainda dentro das especificações de fábrica.
Outro elemento que contribui para essa variabilidade é o sistema de injeção de combustível. Mesmo com calibração correta, bombas de transferência, bombas injetoras e bicos apresentam pequenas diferenças. Assim, um sistema pode operar mais próximo do limite inferior da faixa especificada, enquanto outro se aproxima do limite superior. Isso resulta em diferenças discretas, porém perceptíveis, no desempenho e no consumo.
Essas diferenças não representam defeito, mas sim variações consideradas normais. Portanto, é natural que um trator novo possa entregar ligeiramente mais ou menos torque e potência em relação a outro do mesmo modelo.

Como essas diferenças aparecem nos testes feitos pelos concessionários
Durante as revisões de pré-entrega técnica, alguns concessionários utilizam dinamômetros para medir o torque e a potência reais disponíveis na TDP (Tomada de Potência) dos tratores. Esses equipamentos aplicam carga ao motor, simulando condições de trabalho pesado no campo, enquanto registram sua resposta de torque e potência. Dinamômetros modernos, como os da Série AG.X da AW Dynamometer, são ideais para esse tipo de teste, garantindo medições precisas e confiáveis.
Outra prática comum na pré-entrega é o pré-assentamento de motores, realizado por períodos de duas a três horas. Nesse processo, o dinamômetro aplica carga ao motor, favorecendo o assentamento dos anéis às camisas, reduzindo o atrito interno e garantindo que o motor atinja seu máximo rendimento em menos tempo do que ocorreria apenas com o amaciamento no campo. Para mais detalhes, confira nosso artigo: “Por que realizar o pré-assentamento de motores novos com dinamômetro? Benefícios e Recomendações”.
Durante esses testes, o concessionário verifica se o trator está dentro das especificações e pode ajustar aqueles que apresentarem divergências. Porém, como existe uma faixa aceitável de tolerância, é normal que alguns tratores estejam mais próximos do limite mínimo de potência, enquanto outros se aproximam do máximo. Assim, pequenas diferenças de rendimento no campo são esperadas e não constituem problema.
A importância da operação correta
Quando dois tratores do mesmo modelo apresentam desempenho semelhante no dinamômetro, mas são operados de formas diferentes, os resultados em campo podem variar significativamente. Em outras palavras: o operador faz diferença.
Um operador bem capacitado:
• Entende a diferença entre torque e potência.
• Sabe em quais faixas de rotação estão o torque máximo e a potência máxima do motor.
• Evita trabalhar com rotações mais altas do que o necessário.
• Usa a reserva de torque do motor de modo inteligente.
• Seleciona corretamente as marchas para manter o motor na faixa ideal de carga e rotação.
Além disso, este operador entende como o equilíbrio operacional do trator também influencia diretamente o desempenho. Ele executa corretamente estas adequações do trator:
• Lastreamento adequado ao tipo de operação.
• Distribuição correta do peso entre eixo dianteiro e traseiro.
• Relação de avanço adequada entre rodas dianteiras e traseiras (em tratores 4x4).
• Calibração correta dos pneus.
Quando esses ajustes são bem executados, a diferença de rendimento e consumo de combustível pode superar 10% entre um trator bem regulado e outro mal configurado.
A capacitação é essencial para garantir essa eficiência, e cabe ao concessionário realizá-la na entrega técnica. Para reforçar esse processo, algumas marcas passaram a integrar cursos on-line como preparação complementar, garantindo que operadores novos ou experientes tenham acesso ao mesmo nível de conhecimento. Fendt, Massey Ferguson e Valtra disponibilizam seus cursos oficiais na plataforma Werkey, facilitando o acesso à formação a qualquer momento.


Diferenças são normais — mas podem ser otimizadas
Agora você já sabe que pequenas diferenças de desempenho entre tratores do mesmo modelo são normais e não representam problema, pois há uma faixa de tolerância aceitável para torque e potência. Também viu que o trabalho realizado pelo concessionário com o dinamômetro é fundamental para entregar o trator ajustado corretamente.
Finalmente, ficou claro que a capacitação do operador é determinante para extrair o máximo rendimento com menor consumo. Essa capacitação pode — e deve — continuar após a entrega técnica, por meio de cursos on-line disponíveis na Werkey.
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Até a próxima!
Este artigo foi originalmente publicado no blog Torqx NEWS. Seu autor, Valter Henke, exerce a função de CEO da Werkey e também atua como editor do Torqx NEWS, onde contribui regularmente com conteúdos estratégicos e análises aprofundadas sobre temas relevantes para o setor.
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